sábado, 18 de março de 2017

DINHEIRO


  

Porque não entender o dinheiro como se fosse uma palavra-chave?
«Dinheiro» é um projeto artístico iniciado em 2015 que envolve um conjunto de artistas / professores de artes, maioritariamente universitários. Este projeto foi adquirindo vários corpos formais e conceptuais que se irão expor no Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa a partir de 28 de Outubro de 2016.
A universalidade dos problemas, aparentemente individuais, com que todos nos deparamos, pode ser motivo para pensarmos o dinheiro com um lugar-comum da estrutura social que nos organiza. Mas um lugar-comum que nos transforma numa massa coletiva que, apesar de informe e frequentemente desconsiderada, se constitui de humanidades.
Somos uma entidade coletiva ordenada por sistemas convencionados e normativos mas apesar de tudo suscetíveis de outras adequações.
Assim, pensar no «Dinheiro» como um sistema, como uma «palavra-chave» ou como um «lugar-comum», foi o desafio assumido por artistas de várias áreas, entre elas o desenho, o design, a pintura, a escultura e a literatura. Pessoas com diferentes percursos, conceções e processos artísticos.
O objetivo é estabelecer confrontos visuais entre as diversas formas e soluções estéticas encontradas à volta deste assunto e expô-las, motivando interrogações e interpretações, aparentemente inconclusivas mas sempre enriquecedoras porque passíveis de proporcionarem muitas e diferentes sinergias.
Este projeto, onde o «Dinheiro» pode ser visto como um «lugar-comum» mas também como um conceito organizador, enraíza-se no princípio que a arte, como os demais ramos do conhecimento, não se estrutura em função do pensamento em volta si própria, mas em função de encruzilhadas, de incógnitas, quer materiais quer espirituais, que atravessam o ser e a sociedade sem que demos conta disso.
«Dinheiro» não foi estruturado em grupo. Trata-se de um conjunto de pessoas, de artistas, que desenvolveram processos investigativos criadores de obras, respostas pessoais, diferenciadas, alheadas dos preconceitos que caracterizam este meio estabelecedor de valor.
O dinheiro tem sido a justificação para todos os conflitos e para todas as alegrias. Corresponde a uma idade do Homem cuja origem reside nas trocas, no valor e no poder de uns sobre os outros. O dinheiro é líquido, sólido e simbólico. O dinheiro é matéria, forma e preconceito. O dinheiro dá forma às mais diversas organizações sociais e inter-relações humanas.
Mas se não existisse esta estrutura social, como seríamos geridos? Haverá outro sistema para além do dinheiro? Ou o dinheiro é intrínseco ao Homem contemporâneo?
Os artistas que se disponibilizaram para se debaterem com a palavra «dinheiro», como se de uma palavra-chave se tratasse, são: Antonio García Lopez, Cristóvão Valente Pereira, Ilídio Salteiro, João Jacinto, João Castro Silva, João Paulo Queiroz, Jorge dos Reis, Manuel Gantes, Omar Khouri, Rodrigo Baeta.

Ilídio Salteiro
Junho de 2016